segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Pecado + Amor= Vida


Uma pessoa muito coerente falando sobre uma mulher e acabando com filhos gerados antes do casamento disse: pecado gera pecado.

Só um canalha, hipócrita e que quer lavar as mãos de homens e mulheres diante de “males” que eles mesmos poderiam ter evitado. Mas até os males que esses canalhas levantam são questionáveis, porque a principal maldade eles mesmo que produzem e não percebem: a exclusão por falta de suposta perfeição.

Vergonha!

Se vocês acreditam que não cai uma folha da árvore se Deus não deixar, como poderia uma criança nascer contra a vontade Dele?! Uma criança?!

As consequências não são divinas e nem infernais, elas são humanas, diárias, doces, belas, difíceis, fáceis, justas, injustas e por ai vai... Mesmo que você faça tudo “certo” coisas ruins e boas acontecem, a sua vida é feita de momentos ruins, bons e os mais ou menos.

Agora, acorda! Você errou, erra e ainda vai errar. Sendo assim, qual é a dificuldade de olhar para o outro e para si mesmo com ternura?

Pecado + Pecado(falta de amor) = Pecado(vida sem amor)

Pecado + Amor = Vida (com muito amor)

quinta-feira, 11 de julho de 2013

O sentido



















Parece-me que o sentido veio ao mundo antes de mim
Antes de nascer, de a minha consciência existir
O meu físico, o meu interior já era afetado
Nasci pura de mim e cheia de outros

Parece-me que viver é se encontrar em si mesmo
O outro se tornou em mim e eu me tornei nele

Parece-me que assim tudo se explica e se complica

Parece-me que tudo se resolve e envolve

ele
nele
ela
nela

eu
em mim

nós

em nós

terça-feira, 2 de abril de 2013

Folha em branco...


Folha em branco...
Como é difícil iniciar um texto
Várias tentativas
Vários backspaces

Não dá para copiar os outros
Plágio
Não dá para seguir conselhos de outros
A história é outra
Não dá para se inspirar neles
É perigoso o decalque

Mesmo que digam que tudo se copia
Nunca vi a vida se repetindo
Piora
Melhora
Parece, mas não é
É? Não parece

Então, escreverei:
Quase plagiando
Tentando seguir os conselhos
Percebendo o que me inspira
Sabendo que de alguma maneira inovarei
Sendo semelhante
Achando que sei
Sabendo que não sei
Contudo, que eu não deixe de escrever

sexta-feira, 1 de março de 2013

Meu inferno mais íntimo

(04/06/2012) 

Um jovem rabino, angustiado com o destino da sua alma, conversava com seu mestre, mais velho e mais sábio, em algum lugar do Leste Europeu entre os séculos 18 e 19. Pergunta o mais jovem: “O senhor não teme que quando morrer será indagado por Deus do porquê de não ter conseguido ser um Moisés ou um Elias? Eu sempre temo esse dia“.

O mestre teria respondido algo assim: “Quando eu morrer e estiver na presença de Deus, não temo que Ele me pergunte pela razão de não ter conseguido ser um Moisés ou um Elias, temo que Ele me pergunte pela razão de eu não ter conseguido ser eu mesmo“.

Trata-se de um dos milhares de contos hassídicos, contos esses que compõem a sabedoria do hassidismo, cultura mística judaica que nasce, “oficialmente”, com o Rabi Baal Shem Tov, que teria nascido por volta de 1700 na Polônia.

A palavra “hassidismo” é muito próxima do conceito de “Hesed”, piedade ou misericórdia, que descreve um dos traços do Altíssimo, Adonai (“Senhor”, termo usado para se referir a Deus no judaísmo), o Deus israelita (que, aliás, é o mesmo que “encarnou” em Jesus, para os cristãos). Hassídicos eram conhecidos como “bêbados de Deus”, enlouquecidos pela piedade divina (e pela vodca que bebiam em grandes quantidades para brindar a vida…) que escorre dos céus para aqueles que a veem.

São muitas as angústias de quem acredita haver um encontro com Deus após a morte. Mas ninguém precisa acreditar em Deus ou num encontro como esse para entender a força de uma narrativa como esta: o primeiro encontro, em nossa vida, que pode vir a ser terrível, é consigo mesmo. Claro que se Deus existe, isso assume dimensões abissais.

Para além do fato óbvio de que o conto fala do medo de não estarmos à altura da vontade de Deus, ele também fala do medo de não sermos seres morais e justos, como Moisés e Elias, exemplos de dois grandes “heróis” da Bíblia hebraica. Ser como Moisés e Elias significa termos um parâmetro moral exterior a nós mesmos que serviria como “régua”.

A resposta do sábio ancião ao jovem muda o eixo da indagação: Deus não está preocupado se você consegue seguir parâmetros morais exteriores, Deus está preocupado se você consegue ser você mesmo. Não se trata de pensar em bobagens do tipo “Deus quer que você seja feliz sendo você mesmo” como pensaria o “modo brega autoestima de ser”, essa praga contemporânea. Trata-se de dizer que ser você mesmo é muito mais difícil do que seguir padrões exteriores porque nosso “eu” ou nossa “alma” é nosso maior desafio.

Enfrentar-se a si mesmo, reconhecer suas mazelas, suas inseguranças e ainda assim assumir-se é atravessar um inferno de silêncio e solidão.

Ninguém pode fazer isso por você, é mais fácil copiar modelos heroicos, por isso o sábio diz que Deus não quer cópias de Moisés e Elias, mas pessoas que O enfrentem cara a cara sendo quem são. Podemos imaginar Deus perguntando a você se teve coragem de ser você mesmo nos piores momentos em que ser você mesmo seria aterrorizante. Aí está o cerne da “moral da história” neste conto.

Noutro conto, um justo que morre, chegando ao céu, ouve ruídos horrorosos vindo de uma sala fechada. Perguntando a Deus de onde vem aquele som ensurdecedor, Deus diz a ele que vá em frente e abra a porta do lugar de onde vem a gritaria. Pergunta o justo a Deus que lugar seria aquele. Deus responde: “O inferno”. Ao abrir a porta, o justo ouve o que aqueles infelizes gritavam: “Eu, eu, eu…”.

Ao contrário do que dizia o velho Sartre, o inferno não são os outros, mas sim nós mesmos. Numa época como a nossa, obcecada por essa bobagem chamada autoestima, ocupada em fazer todo mundo se achar lindo e maravilhoso, a tendência do inferno é ficar superlotado, cheio de mentirosos praticantes do “marketing do eu”.

Casas, escritórios, academias de ginásticas, igrejas, salas de aula, todos tomados pelo ruído ensurdecedor do inferno que habita cada um de nós. O escritor católico George Bernanos (século 20) dizia que o maior obstáculo à esperança é nossa própria alma. Quem ainda não sabe disso, não sabe de nada.

Luiz Felipe Pondé (jornal FSP )

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

O meu canto


Canto...
Porque a vida é bonita
Porque transformo a tristeza em poesia
Porque reparto a alegria
Porque me declaro sem me sentir ridícula
Porque além de ouvir, alguém me sente

Meu canto é...
Uma risada escandalosa
Um grito incontido
Um abraço apertado
Um choro ardido
Um tímido passarinho

É tudo o que sou
Errado, certo, incompleto, esperto, lerdo, rápido, atrasado
Fora do tempo
Afinado, desafinado, semitonado
Agudo, grave
Fanho? Sim
Sem alma, a flor da pele
Distante, grudado
Garganta, diafragma 

É invasão
Bagunça
Perturbação!

Calma

Paz

Canto...
Porque quero deixar a vida bonita


by Rose Guedes - 30/01/2013